sexta-feira, 27 de março de 2015

O gang

A minha chefe, a dona da Cafetaria, avisou-me para ter cuidado com as minhas colegas porque elas funcionam como um gang, comparando­-as até a uma quadrilha de traficantes. Juro-vos que foram estas as palavras da chefe.
E posto isto, hoje aconteceu de tudo. O que a juntar às 3 semanas em que ali trabalho, me fez entender que já não quero saber. Prefiro engolir o orgulho, encarar a derrota e voltar a casa dos pais. Não consigo mais trabalhar ali! Esta tarde já enviei currículos, fui a alguns sítios.
Hoje, logo às 8h, estava já uma das efectivas a dizer “Vou-me despedir. Isto de trabalhar com gente nova, doutoras, não dá. Parece que trabalho para elas. Aliás, já tenho algo apalavrado e tudo! Mas olha Raven, tu está caladinha. É segredo”. Ora manda-me a boca, pisa-me e a seguir pede segredo.
Mais tarde apanhei-a a falar mal de mim e, pior, a mentir. Passei-me! Exaltei-me e fiz o que não devia ter feito: disse à gerente a conversinha que ela tinha tido de manhã. Estive muito mal, eu sei. Mas estou-me a tornar mesquinha como elas, reactiva a tudo. Não quero ser assim, estou arrependida mas agora já está, agi muito mal. A gerente disse logo que teria de informar a chefe sobre o sucedido. Prometeu-me não tocar no meu nome mas, convenhamos, a gerente e a chefe são amigas. Têm intimidade suficiente para falar as coisas como são; eu assim faria também. A chefe, sendo boa pessoa, é impulsiva como eu. É bem capaz de ao confrontar a empregada se exaltar e falar no meu nome. Se isso acontece, aí nem há margem para dúvidas: despeço-me. Se já me fazem a vida negra sem motivo, imaginem com.
E hoje dei por mim, ao fim do dia, a fazer o que nunca fiz, nem em criancinha: liguei ao meu pai a chorar. Não sei o que se passou mas senti-me tão mal por me infernizarem a vida, por ter sido má como elas que nem sei.
Sinto-me esgotada, infeliz, só me apetece chorar e despedir-me.
E agora estou em pânico com o que esta conversa da gerente e da chefe possa gerar.

1 comentário:

  1. Sou da opinião que devemos fazer o que gostamos e quando algo já nos está a fazer mal e a prejudicar a saúde mental devemos sair. Força e pensa que em primeiro lugar está o teu bem estar e depois está o resto.

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