segunda-feira, 30 de março de 2015
domingo, 29 de março de 2015
Conversas #34#
Eu: Ah Domingo…Estou
exausta! Vou chegar a casa e ver um filme de terror.
Colega brasileiro: Cê
Tá lôca?!? Num chega o terrô qui a gentxi tá vivendo aqui não? Vê uma comédia,
por Deus!
O descanso, finalmente…
Aquele momento…
… em que descobres que
só existem 2 vagas para a 1ª fase dos exames Maiores de 23. A pressão que é
saber que tenho de ser a umas das duas melhores.
Dizem que o curso,
sendo aqui no Alentejo, numa cidade pequena, não tem grande procura e que
depois, na 3ª fase, todos entram mas… 3ª fase? Isso é em Outubro, gente! Eu
aguento lá até Outubro sem saber o que será da minha vida e neste emprego dos
Infernos?!? Eu tenho é de entra já, saber já em julho.
Vá, vamos lá todos a
acender velinhas aos vossos santos, eu cá não sou esquisita. É tudo a colaborar
com a Raven, vamos lá!
sexta-feira, 27 de março de 2015
O gang
A minha chefe, a dona
da Cafetaria, avisou-me para ter cuidado com as minhas colegas porque elas
funcionam como um gang, comparando-as até a uma quadrilha de traficantes.
Juro-vos que foram estas as palavras da chefe.
E posto isto, hoje
aconteceu de tudo. O que a juntar às 3 semanas em que ali trabalho, me fez
entender que já não quero saber. Prefiro engolir o orgulho, encarar a derrota e
voltar a casa dos pais. Não consigo mais trabalhar ali! Esta tarde já enviei currículos,
fui a alguns sítios.
Hoje, logo às 8h,
estava já uma das efectivas a dizer “Vou-me despedir. Isto de trabalhar com
gente nova, doutoras, não dá. Parece que trabalho para elas. Aliás, já tenho
algo apalavrado e tudo! Mas olha Raven, tu está caladinha. É segredo”. Ora
manda-me a boca, pisa-me e a seguir pede segredo.
Mais tarde apanhei-a a
falar mal de mim e, pior, a mentir. Passei-me! Exaltei-me e fiz o que não devia
ter feito: disse à gerente a conversinha que ela tinha tido de manhã. Estive
muito mal, eu sei. Mas estou-me a tornar mesquinha como elas, reactiva a tudo.
Não quero ser assim, estou arrependida mas agora já está, agi muito mal. A
gerente disse logo que teria de informar a chefe sobre o sucedido. Prometeu-me
não tocar no meu nome mas, convenhamos, a gerente e a chefe são amigas. Têm
intimidade suficiente para falar as coisas como são; eu assim faria também. A
chefe, sendo boa pessoa, é impulsiva como eu. É bem capaz de ao confrontar a
empregada se exaltar e falar no meu nome. Se isso acontece, aí nem há margem
para dúvidas: despeço-me. Se já me fazem a vida negra sem motivo, imaginem com.
E hoje dei por mim, ao
fim do dia, a fazer o que nunca fiz, nem em criancinha: liguei ao meu pai a
chorar. Não sei o que se passou mas senti-me tão mal por me infernizarem a
vida, por ter sido má como elas que nem sei.
Sinto-me esgotada,
infeliz, só me apetece chorar e despedir-me.
E agora estou em pânico
com o que esta conversa da gerente e da chefe possa gerar.
quinta-feira, 26 de março de 2015
Opostos dispostos
Desde sempre, desde bem
pequena, que pessoas opostas a mim eram as que mais me atraiam. Sempre achei
fascinante a forma como outros viam a vida e me explicavam essa visão, tentando
depois encaixa-la na minha. Adorava fazer de conceitos diversos, puzzles na
minha mente.
Actualmente, noto que
talvez a minha ingenuidade de criança me tenha feito falhar numa noção chave:
pessoas opostas são interessantes sim, mas apenas as visões opostas, não os
valores. Começo a notar que tenho amigos com valores que considero deformados e
está a ser complicado. Noto que tenho mais conflitos no meu quotidiano, que
estou mais selectiva.
Dizem os Mestres que o
Reiki limpa a nossa vida e selecciona o que realmente nos faz falta. Talvez
tenha sido isso, não sei. Mas é visível que desde que fiz o nível II de Reiki
que tudo se começou a manifestar. Tive aquela amiga que se revelou, que mal me
fala porque me inveja por ser independente e trabalhar; ultimamente noto que
algumas pessoas com quem nunca tive qualquer conflito se tornam agressivas
comigo com bastante facilidade quando me mostro bem e feliz; hoje um amigo de
longa data ficou furioso comigo, quase me ofendeu até, porque queria vir sair à
noite para esta cidade onde vivo e queria dormir cá em casa e reagiu muito mal
quando lhe disse que sim, podia cá dormir MAS tínhamos de ver bem os horários
porque ele não conhece cá nada e eu teria de ir a pé, ao frio, busca-lo depois
e, vamos lá ter dois dedos de testa, ele às tantas ia para alguma Disco até às
4h ou 5h e eu levanto-me todos os dias às 6.30h, trabalho de sol a sol a
carregar uma esplanada 9h ao dia, ando a estudar para vários exames, mais a
carta de condução… ando exausta!
Este amigo de há quase
uma década, ao invés de entender, ficou chateado e agressivo. E comecei então a
analisar-me: o que raio ando eu a fazer para atrair tantos conflitos na minha
vida? E lá está, entendi que tanto este amigo, como algumas pessoas que se têm
mostrado agressivas comigo, têm já a minha idade ou são mais velhos, são
desempregados ou têm part-times e vivem em casa dos pais do dinheiro destes.
Posto isto…
Chego a um ponto que,
infelizmente, nem fico mais triste. Entendo e aceito. Há pessoas das quais
podemos gostar muito, mas se não respeitam os nossos objectivos e vida não
adianta gostar. Amigo apoia e compreende. Não julga, exige, magoa. Enfim… a
reduzir a lista de “amigos” em tempo record.
terça-feira, 24 de março de 2015
Coisas que me fazem espécie
- Que a Veterinária
Municipal faça meditação todas as semanas comigo e seja tão cabra. Juro-vos!
Ela passa pelos animais sem os olhar, mal lhes toca e trata os voluntários como
escravos. Mas faz meditação…
- Que uma Mestre de
Reiki, que passa a vida a encher as redes sociais de textos sobre a importância
do desenvolvimento interior, dos valores, dê ipads às filhas de 6 anos, bem
como dezenas de barbies, telemóveis, portáteis…
Como aproveitar uma folga
Espero que vocês saibam
como e se divirtam porque eu não.
Hoje, estando de folga,
entendi bem a gravidade de estar num emprego que se detesta.
Hoje tive a minha folga
mais inútil e mal aproveitada de sempre. E sabem porquê? Porque me sinto frustrada
e só consigo pensar que amanhã estou de volta à Cafetaria. Isto parece loucura,
não é? Como vou trabalhar amanhã, hoje nem aproveito o descanso.
Portanto hoje apenas
dormi até tarde, fui comer uma tosta a um espaço novo, fui ter 1h de aula de
código da estrada e voltei para casa onde vi um filme abraçada ao Eros,
brinquei com ele e… já são horas de jantar!
segunda-feira, 23 de março de 2015
É merda até ao horizonte!
- Descobri que não
posso concorrer a bolsa de estudos por várias razões, desde questões
relacionadas com a minha última licenciatura aos rendimentos da minha mãe;
- Descobri que a Camara
Municipal lá da terra é uma porcaria e ninguém me sabe explicar o regulamento
de candidatura à bolsa de lá. Basicamente, a resposta foi “Candidate-se em
Julho e depois logo se vê”;
- A minha chefe comunicou-me
que a Cafetaria necessita que faça horas extra, então esta semana (e
provavelmente as próximas) estou a fazer 45h semanais (grande lata! Nem
pergunta se posso, se me importo);
- Hoje a sala de
refeições encheu e deixaram-me lá sozinha. Resultado: clientes insatisfeitos,
muito tempo de espera, gente mal educada e eu levei com tudo;
- Descobri que o exame
por “Maiores de 23” é mesmo sobre serviço social. Não deveria ser sobre uma
área neutra, que se tenha aprendido no secundário? Eu sei lá onde vou arranjar informação
sobre serviço social para fazer já um exame? Se entendesse do assunto não me
inscrevia numa licenciatura!
domingo, 22 de março de 2015
Coisas que explicam por si o meu ambiente de trabalho:
- uma colega recusa-se
a atender clientes negros porque diz que a pele deles é estranha, como a dos
répteis;
- a gerente, a
licenciada do pedaço, deixou a porta do escritório trancada com a chave lá
dentro. O que fez para resolver o assunto? Pediu ao colega brasileiro para
abrir a porta com ganchos do cabelo, pois sendo brasuca certamente saberia como
forçar portas;
- uma cliente deixou
cair 200€ e eu só vi depois dela sair. Chamei a policia, na esperança que a
senhora apresente queixa pelo dinheiro e avisei a chefe. A cozinheira, aquele
doce de pessoa, só me disse “És mesmo parva! Ficavas com o dinheiro e estavas
caladinha!”;
- uma inspecção
encontrou uma agulha na cozinha. Mas ao que parece só eu vejo a gravidade da situação,
pois a cozinheira esteve todo o dia a reclamar do quanto exageram ao
explicar-lhe o perigo de uma agulha na bancada onde se preparam os pratos;
- os colegas tratam os
clientes por “aquela mulher ali”, “aquele tipo acolá”, “”aquele gajo”. Enfim…
sábado, 21 de março de 2015
Sugestão
A semana passada vi o
filme Ida, vencedor do Óscar de melhor filme estrangeiro. Este, Leviatã, foi um
dos nomeados e comparando os dois, não entendo como não ganhou.
Ida tem uma excelente
fotografia, planos diferentes e originais mas é mais uma história típica, com os
mesmos ingredientes de qualquer outro filme sobre o Leste após a guerra. Já
Leviatã tem igualmente uma fotografia de mestre, uma banda sonoro boa, um
argumento envolvente e, acima de tudo, tem a componente real. O filme é uma
critica à actual Russia e, convenhamos, se foi censurado e proibida a sua
exibição neste país, é porque tocou em assuntos incómodos e certamente reais. E
isso assusta-me. A descrição inteligente e bem humorada desta realidade, bem
aqui perto, na “nossa” Europa, captou totalmente a minha intenção e deixou-me a
pensar, a assimilar. Se um filme nos faz questionar, nos mostra algo importante,
então cumpriu bem a sua missão.
Parabéns ao realizador!
sexta-feira, 20 de março de 2015
Para ser querido tem de ser sofrido, já dizia o outro
Hoje inscrevi-me nos
exames nacionais, materializando assim a minha decisão de mudar de vida.
No entanto, e
curiosamente, agora que decidi voltar a estudar entendi que sou uma avó de 90
anos. Ai que eu hoje parecia o meu avô a olhar para um computador!
Dei por mim a proferir
a seguinte frase, “No meu tempo não havia cá isto das internetes”. Sim, eu
disse isto. Explico o contexto: agora a pessoa tem de se inscrever em coisas
online e ter senhas e mil e uma coisas antes de preencher o papel com o pedido
para ir fazer o exame nacional Pois que no meu tempo era tudo em papel,
presencial, não havia cá inscrições virtuais nem senhas.
É tal a mudança que
aconteceu nestes últimos anos que eu tive de ir à secretaria daquela escola
fazer a inscrição em 3 vezes, porque faltava sempre uma coisa nova que a
funcionária não me dizia logo, porque depreendia que eu já sabia como se
processava tudo. Foi um entra e sai, ainda tive dir a casa buscar um documento
e depois tive dir em busca dum pc com net naquela maldita escola secundária
para pedir a tal senha num site X… enfim! O terror, isto das modernices!
Dia Internacional da Felicidade
Depois desta semana
dura, após 4 dias seguidos a acordar ás 6.30h na manhã, felicidade será amanhã
poder acordar às 10h.
E no aqui e agora,
felicidade é ter o Eros no colo, ouvir o seu ronronar baixinho, beijar-lhe a
cabeça e cheirar-lhe o pescoço enquanto vejo tv enroscada numa manta e com o
aquecedor aos pés.
Felicidade foi hoje
ter-me inscrito nos exames nacionais, tornando real o meu novo objectivo de
vida.
Grata, Universo!
E vocês? Que pequena
felicidade sentiram hoje?
quinta-feira, 19 de março de 2015
Apresento-vos a cozinheira com quem trabalho:
Às 7h da manhã, ao
abrir a porta da cafetaria, já está a pronunciar um valente “Ai que fartão do
dia”.
Acho que nunca
trabalhei com ninguém assim, tão negativo, sempre a reclamar, até entre os
dentes vai resmungando. Sempre, a toda a hora e momento.
Como já seria de
prever, hoje a coisa deu-se; discutimos.
Eu estou neste emprego
há precisamente 15 dias, fez hoje. E logo de manhãzinha a cozinheira veio perto
de mim e berrou-me. Sim, leram bem, ela gritou comigo. A dar-me ordens e a
fazer exigências. Se isto acontecesse há uns anos atras, eu até era miudinha
para ter medo de uma senhora de 46 anos efectiva na casa, mas hoje em dia? Só
lhe expliquei, calmamente, e em baixo tom, “Conhecemo-nos há 2 semanas, não
somos próximas, não me grite”. Confesso que esperei que ela fizesse pior, pois
é do tipo peixeira, muito dada a barracadas e tom de voz sempre elevado, nariz
altivo. Mas surpreendentemente, ficou a observar-me. Deu mais umas ordens e
tentou pressionar-me até me saltar a tampa e lhe explicar, “Eu obedeço a quem
me paga. Não a colegas. Está incomodada com a minha postura? Vamos falar com a
chefe”. Aqui, foi notório que ela balançou. Creio que teve receio.
O dia começou assim, em
clima bélico mas lá se passou. Claro que pelo meio ela ia tentando ameaçar-me,
ia dizendo que me notava pouco activa, que a chefe não iria gostar nada, que
iria reparar e despedir-me, que me fazia e acontecia. Mais uma vez passei-me e
aqui sim, fui arrogante, “Oiça, felizmente eu não preciso disto para comer. Se
ela me despedir, despede. Se estiver descontente, ela e só ela mo dirá”.
No fim do meu turno,
nem de propósito, a chefe veio-me elogiar, dizer que gostava muito da minha
postura e empenho. Ora eu, que estava com isto tudo entalado na garganta,
arrisquei e desabafei. Fui sincera. Não ofendi ninguém. Contei da briga com a
cozinheira e deixei claro que não queria problemas mas que não suportava
trabalhar num sitio com mau ambiente. Confessei até tudo o que disse, a minha arrogância.
E para meu espanto a chefe desabafou também: “Raven, eu estive gravida há 5
anos e tive um filho com problemas ósseos. Fiquei estes 5 anos em casa com ele
e deleguei aqui funções a pessoas que, afinal, não seriam as mais indicadas.
Agora que voltei, todas pensam ser chefes, não estão a lidar bem com o meu
regresso e ordens e tem sido um caos. Eu sei que o ambiente está mau, noto-o
mas nem sei que fazer. De todos os modos, não se deixe intimidar e qualquer
coisa, conte-me. Eu não grito com os funcionários, a cozinheira muito menos o
poderá fazer. O importante é que eu lhe estou a dizer que gosto do seu
trabalho. Se não gostar, falo consigo e acertamos as coisas porque eu sei que
está cá só há 2 semanas e não tem experiencia, é obvio que não vai saber fazer
tudo bem e depressa. Não tenha medo, vamos falando, eu vou estar atenta e fique
descansada”. E eu fiz questão, para ser mesmo, mesmo directa de terminar a
conversa dizendo “O negócio é seu, as decisões são suas. Eu virei sempre falar
consigo. Por algum motivo, quando sugiro esta conversa entre funcionário e
chefia, elas recusam. Mas eu tenho a consciência tranquilo e pode ter a certeza
que ao próximo problema venho directa a si, e sempre só a si”. E sai.
Detesto estas merdas!
Esquemas, gente com a mania, umas a lixarem-se às outras… e ainda só passaram
15 dias! Sinto que estou neste antro há anos!
E sabem que mais? Eu
vou mesmo arriscar passar fome. Inscrevi-me hoje nos exames nacionais e vou
começar 2f um plano de estudos intensivo. Vou para outra cidade sem nada
garantido, vou em busca de um part time, vou-me candidatar a quantas bolsas de
estudo existirem… sei lá! Pena que só em Setembro sei se fico ou não colocada.
Tenho de ficar, Meu Deus. Que eu aqui, frustrada e cheia de inimigas, não
aguento.
PS: tenho tanta fé de
ficar colocada na licenciatura que acho que estou a aguentar estas cobras
melhor porque me sinto em contagem decrescente. Elas dizem que o verão será
caótico, esplanada cheia, muito trabalho e pouca conversa. Portanto, verão vem
depressa! Quero é trabalhar muito, ver as horas a passarem rápido e que Setembro
chegue em força, glorioso.
quarta-feira, 18 de março de 2015
Conselhos & Criticas & Dúvidas
Actualmente, viver é
uma armadilha. Uma dualidade sem fim, infernal.
Vemos aquelas reportagens
sobre sem-abrigos e sentimo-nos na obrigação de sermos muito, muito felizes e
gratos com o que temos. Mas há também os life coach que te explicam que se ganhas
mil€ e querer dois mil€, é possível, deves fazer por isso e só a disciplina e
os objectivos de ser mais e melhor comandam a vida.
Eu estou num limbo. Sei
que tenho muita sorte, sempre tive. Sempre saí de um emprego para outro. A
minha procura mais longa por um emprego foram 2 meses e foi um caso isolado,
regra geral em 2 semanas consigo trabalho. Sempre foi assim e que a minha
estrelinha se mantenha reluzente, sem falhar. Mas devo apenas ser grata? Desde
que abandonei a Universidade em 2011 que nunca mais senti necessidade de realização
profissional. Comecei a trabalhar aos 20 anos, ainda estudava e fui trabalhando no que surgia. Estive 3 anos num
posto de turismo, mais 3 numa fundação cultural a vender jóias, vinhos e
livros, uns meses em Madrid como empregada doméstica, call center, agora
empregada de mesa… Mas a verdade é que já desde a época do call center (e
adorava trabalhar lá, o ambiente, tudo era agradável) que sinto um vazio, uma
necessidade de algo mais, de me sentir desafiada, “aproveitada”.
Tomei a decisão de me
despedir em agosto e ir estudar há 2 dias e muitas criticas e opiniões surgiram
de familiares e amigos. Bom, na verdade toda a família me apoia menos o meu pai
que acha que deveria agradecer por este emprego na hotelaria que me paga bem, é
estável, tem futuro e a chefe me adora. Nos amigos, as teorias divergem. Há os
que me dizem “finalmente vais tomar um rumo na tua valorização, sempre
acreditamos que serias mais, revolta-nos estares a desaproveitar esse cérebro”
e há quem diga “uma licenciatura hoje em dia é uma perda de dinheiro, o mercado
de trabalho não está para graças e, ou tiras uma engenharia informática, algo
que realmente seja bom, ou mais vale estares quieta”.
Começo a ter um sentimento
de culpa e ansiedade. O que fariam?
terça-feira, 17 de março de 2015
Acredita em ti
Tem cuidado! Muito
cuidado.
Cuidado com a
sub-felicidade, com a expressão “até”.
Eu até sou feliz,
porque eu até tenho um tecto e emprego fixo e estável e até posso considerar-me
grato e feliz.
Eu até estou bem na
vida porque tenho um namorado que me ama, não sinto nada avassalador nem as típicas
borboletas mas até estou bem assim.
Eu gostava de fazer
outra coisa mas para que arriscar se até tenho uma rotina calma?
Não caiam nas armadilhas
da sociedade, gente. Não se sintam na obrigação de serem gratos por ter um
emprego frustrante porque afinal, ATÉ há quem viva debaixo da ponte e vocês não.
Nada é válido quando se trata dos nossos sonhos, do que podemos ser e alcançar.
E porque eu até gosto
de viver nesta cidade mas sinto urgência na minha realização pessoal, hoje dei
o primeiro de muitos passos nesse sentido.
Vou voltar a estudar.
Vou-me candidatar a uma área que me faz todo o sentido, que a sinto cá dentro,
bem no coração com amor: Serviço Social.
Vou-me começar a
preparar para os exames nacionais (há 4 anos que não estudo) e acreditar na
colocação em Setembro. Depois resta-me despedir deste emprego de cáca e mudar
de cidade.
Somos nós que fazemos a
Vida e não o contrário. E só quem entende isto poderá tomar as rédeas da sua “sorte”.
segunda-feira, 16 de março de 2015
Eh timing dos bons!
Uma pessoa trabalha num sitio onde se suja à brava de café e porcarias de tanto lavar loiça, onde se suja com os detergentes de limpar sanitas e urinóis, onde esturrica e sua ao sol naquela maldita esplanada tarde após tarde, estou também desde sábado sem tomar banho devido às dores que me impediam de ficar de pé e agora, feliz inicio de semana em que ia relaxar… acabou o gás!
Oh gente pobre sem
sistema de gás canalizado, credo!
Ao menos amanhã é dia
de folga! Yeahhhhhh
2 semanas
Todas, mas TODAS as
minhas colegas reconhecem que se sentem pequenas, bem pequenininhas, à margem
de si, servindo cafés e lavando sanitas. Mas todas, sem excepção, são mães e
têm que se sacrificar pelos filhos. Eu? Eu nem gosto de crianças! Posto isto e,
como nada acontece por acaso, descobri o significado deste emprego na minha
vida: devolver-me aos planos originais, ao ponto em que estava quando briguei
com o meu Pai e conheci o João. Sinto falta, de repente, de voltar a estudar. Sim,
quero voltar a estudar. Não quero acabar o meu curso, quero começar outro de novo,
um que me faça vibrar, como Assistência Social. Quero fazer algo que já conheço,
numa área que tenho experiencia e sentir-me realizada. Quero ser assistente
social. Mas para isso, preciso de encontrar um part time numa das cidades onde
há o dito curso e pedir uma bolsa ao Estado (ai…) e… nem sei… perto da Cidade
onde vive a Mammy e de onde vim fugida por odiar aquilo, fica uma cidade que
tem este curso. Voltar a casa da Mãe para poder recomeçar os estudos? Ai não
sei… só sei que não aguento muito mais como empregada de mesa.
domingo, 15 de março de 2015
Quando a dor impede a razão
Parece que no Meco há
já um memorial pelas vítimas.
Mas, lamento se vou
magoar os sentimentos de alguém, que vitimas?
Eram todos adultos,
foram porque quiseram e no contexto de algo tão banal e tonto como praxes
académicas. Que vitimas?
Foi uma fatalidade,
claro que sim. É triste. Muito. Acima de tudo, as maiores vitimas foram os
pais, apanhados no meio disto, com uma dor incrível que os mudará para sempre.
Mas as jovens que morreram, morreram no seguimento de uma situação imprevisível
que correu mal. Não acho natural que se faça um memorial. Eles não são heróis
de guerra, não foram vitimas de Holocausto. Não entendo.
É tanta humanidade que até me emociono…
Eu bem vos disse que o
meu sábado à noite não estava a ser porreiro…
E hoje lá fui parar às urgências.
Diz que tenho uma gastroenterite. E estou neste momento a fazer pescada com
arroz, a dieta dos doentes.
A minha querida chefe ligou-me
assim que cheguei às urgências só para me brindar com o seu carinho “Oh Raven,
trabalha cá há 2 semanas e esta com gastroenterite? Não sei se está bem a ver
que ter faltado hoje ao trabalho faz com que coloque o seu posto de trabalho em
causa!”.
E fosse esta ameaça
feita há uns meses, ter-me-ia desfeito em lagrimas. Hoje? Quero lá saber. O importante
é a saúde e não pararmos. Já ando a pesquisar a hipótese de fazer um curso de
alemão bem como voltar a estudar. E se voltar a estudar terei de mudar de
cidade e já ando a verificar o emprego nas 2 cidades em que posso estudar o que
quero.
O Destino está em
aberto… que eu tenha fé para confiar.
sábado, 14 de março de 2015
Que sábado à noite tão bom…i
Estou com uma dor de rins incrível que nem me consigo endireitar! Espero bem que não seja o principio de uma cólica renal que amanhã me faça passar o domingo nas urgências.
sexta-feira, 13 de março de 2015
Fiquei na “maior saia justa”
Eu sei que a Vida é feita
de ciclos, que se assim não fosse não evoluiríamos nem teríamos novas e
variadas experiencias mas confesso que ainda não sei lidar muito bem com a
saída de pessoas que gosto da minha vida. Sobretudo sem nem sequer entender a
situação.
Eu tinha uma amiga,
conhecemo-nos há uns 2 ou 3 anos num emprego que tive. Eramos colegas mas
depressa ficamos amigas. Ela é um pouco exagerada, apanhei-lhe algumas
mentirinhas que no fundo eram formas de ela se sentir melhor com ela mesma, de
se valorizar, pequenas coisas para o ego, era impulsiva e muito emocional mas
tinha um grande coração. Apoiou-me imenso no fim da minha relação. Mas desde
que mudei de cidade que ela se afastou de mim. Entretanto, ela que vivia junta
e ia casar, viu também a sua vida tomar outro rumo quando o rapaz saiu de casa.
Ela, em vez de aceitar e lidar com a situação o melhor que podia, decidiu
começar a falar mal dele em todo o lado e, inclusive, a mentir. Coisas com
gravidade. Dizia que o rapaz lhe batia. E eu sei que tal nunca aconteceu. Apostaria
mais no oposto. Eu critiquei-a, tentei chama-la a razão e mais se afastou de
mim. Sempre que vou lá a Cidade, envio-lhe sms para estarmos juntas e não
responde. Hoje confrontei-a via Facebook. E a resposta impressionou-me. Diz que
se sente inferiorizada perto de mim porque tenho trabalho, dinheiro, casa só
para mim, vida social. E entrou num discurso tão incoerente que não entendi
nada. Diz que tem muitos problemas na vida mas que não quer desabafar, que não
tem “cabeça para a nossa amizade”, que há coisas entre nós e dentro ela que não
entende e despachou-me á velocidade da luz.
E eu fiquei sem entender
se somos ou não amigas, se da próxima vez que nos virmos a devo cumprimentar ou
fingir que não conheço.
Aceitam-se conselhos.
Já passaram por isto?quarta-feira, 11 de março de 2015
E… sobrevivi!
Comecei a minha vida de
empregada de mesa na passada quarta-feira.
Foi e está a ser um choque
físico, os hematomas por todo o meu corpo que o digam.
Psicologicamente está
também a ser desmotivante.
E não bastassem estes
factores, esta novidade, a falta de experiencia, ainda tive, logo de estalo,
que trabalhar 7 dias seguidos.
Hoje folguei. Aleluia,
Senhor!
E foi uma bela folga.
Todos os planos que fiz para o dia de hoje saíram furados graças à visita de um
amigo que não via desde o verão.
Almoçamos juntos,
lanchamos, fomos jantar ao vegetariano e ao cinema.
Soube tão mas tão bem
arejar.
Cenoura e
couve roxa, soja com batatas no forno, massa com cogumelos, bolinho recheado de
cogumelos e pimentos e almondegas de soja. Sumo natural de pera, maça e kiwi
Vencedor do Óscar
de melhor filme estrangeiro
A verdade das coisas
Encontrei este artigo
interessante que me levou a ponderar na minha evolução, no caminho pelo qual
enveredei e a pesar se estou no rumo certo.
Fiquei feliz ao
constatar que sim.
Tenho alguma
dificuldade nos pontos 6, 7, 11 e 12. O sintoma 2 nunca me acontece. Mas ainda
assim já possuo a maioria dos sintomas de uma pessoa de mente desperta e
consciente de si e do mundo que a rodeia.
O ponto 1 tem sido o
mais notório na minha evolução. A máxima Entrega & Aceitação têm sido o meu
mantra mais intimo.
O ponto 3 tem-me
ajudado no que frisam os pontos 5, 8, 9 e 10. Há uma frase da Annais Nin que eu
nunca entendi, cheguei mesmo a dizer que a senhora era mas é tonta, que afirma “Nós
nunca vemos as coisas como elas são e sim como nós somos”. Eu, de mente
cientifica, directa e objectiva, achava esta frase idiota. Hoje entendo. Desde
que me sinto unida ao Mundo, aos seus seres, às suas dores, desde que vejo o
Universo como uno em todas as suas vertentes, consigo ver mais para além dos
defeitos, consigo identificar-me em cada ser humano, compreendê-lo, analisar o
impacto da minha conduta nele e da dele em mim, consigo esticar a mão e julgar
menos, consigo dizer mais palavras de incentivo do que puxar o tapete. E isso é
tão bom e aliviante.
Ainda tenho dificuldade
nos pontos 6 e 7. Ainda sofro de alguma ansiedade pelo que está por vir, ainda
que menos.
Ponto 11. Continuo a
ser exigente comigo e a cobrar-me mais e mais luz e rectidão.
Ponto 12, o calcanhar
de Aquiles do Ego. Adoro ajudar, sinto-me impulsionada e intimamente ligada à
solidariedade mas… continuo a sentir necessidade de reconhecimento e afecto
pelo bem que faço. Como diria Iñarritu: “Fucking Ego”.
E acho que compreendi o
sentido deste novo emprego nesta fase da minha vida. Este trabalho surgiu 2
dias após ter feito o nível II de Reiki e acho que terá sido uma lição. A
cozinheira lá do estaminé é uma daquelas mulherzinhas de bairro típico que sabe
a vida de todos e faz questão de comentar diariamente, aumentando bem mais. Já
me tentou falar mal de várias colegas, aponta o dedo a todos menos a si
própria, mete veneno, fala muito sozinha e reclama de tudo. É um cansaço psicológico,
esta mulher! Se tivesse de conviver com ela há 1 ano atrás, a coisa dava-se. Ah
dava-se! Eu já teria tomado as dores das colegas, do ambiente de trabalho, já
teria saído em defesa da minha causa, da minha razão, da minha opinião.
Actualmente? Finjo que não oiço, corto as frases dela bruscamente, demarco território.
Evito confusões, oiço-a, aceito-a e sigo com ela à margem de mim.
Deixo-vos com um
pensamento que me mudou: “O importante não é estar certo, é ter paz”.
segunda-feira, 9 de março de 2015
Como começar a semana bem
Para relaxar disto:
E nem queiram ver as
pernas! Nada melhor que um massagista baratinho, a 10€, que atende a domicilio.
Estou como nova.
E para manter o
espirito zen, nada de cozinhar, que ficar de pé em redor de tachos e panelas
causa danos irreversíveis após uma massagem, portanto:
Esta sopa é de me levar
aos céus! Muito a sério, pessoal. Quem diria que misturar brócolos com avelãs e
queijo resultaria divinal?
A sobremesa (que só se
pode comprar em promoção… que coisa mais cara!):
E para fim de noite, o
vício:
Tenho de me tratar bem,
sobretudo após uma directa já que o Eros decidiu fazer uma party esta noite e,
para culminar, quando finalmente dominei o gato e estava quase a dormir, 2 adolescentes
embriagados sentam-se à porta da minha casa a discutir alto e bom som a
temporada do Benfica às 5h. Tive de me levantar, abrir a janela e chatear-me. E
depois já não consegui dormir mais, fiquei a ver um filme até à hora de
levantar para o trabalhinho. Haja paciência! Hoje estou esgotada!
Parte chata do Reiki
O período de 21 dias.
O pior que me podem
fazer é gerar uma rotina e isto de uma pessoa ter de acordar cedo ou querer ver
um filme e ter de estar a dispensar entre 30min a 50min para o auto-tratamento
tem muito que se lhe diga.
E este nível II faz-me
sentir, ainda por cima, uma xamã lá no meio do oeste americano. Só me falta
fazer a dança da chuva. Isto dos símbolos é estranho, dá que pensar. Sinto-me
uma feiticeira com a inquisição à perna. Os meus vizinhos até devem achar-me
louca, que isto de me ouvirem a cantar mantras às tantas da noite parece coisa
de ritual satânico.
Que comecem hoje os 21
dias a ver se me dão força e inspiração lá no trabalho.
domingo, 8 de março de 2015
Pela fé no amanhã
Porque há um dia da
Mulher e não há do Homem?
Nem me vou pronunciar
sobre a origem do dia, aquelas mortes e afins, vou-me cingir ao actual, ao que
conta para além da memória.
Parecendo que não, a
igualdade de géneros ainda é mito. Porque é. Nos cargos inferiores, nem se nota
muito porque, regra geral, ganhasse sempre o ordenado mínimo e ponto. Mas à
medida que vai havendo progressão na carreira, aí sim, meus caros, é notória a
diferenciação, como se usar saias implicasse menos competência, menos mérito e,
por conseguinte, menor remuneração.
Continua a não ser
permitido o cargo de Papa a mulheres, continuam a ser raras as
Primeiras-Ministras e Presidentes da República. Até em algo tão tonto como
reallity shows, ganham maioritariamente os homens.
Já para não mencionar o
assédio. Um homem pode sair à rua de calções, já a mulher se sai, ouve bocas,
recebe olhares e, com um bocadinho de jeito, ainda é violada e acusada de ter a
culpa por andar a provocar.
Assim sendo, FELIZ DIA
DAS MULHERES e lutemos, unidas (não vale esgatanharmo-nos por homens, eles já perceberem
que nos vencem assim) por um amanhã com igualdade real.
sábado, 7 de março de 2015
Já dizia o outro, “Se a Vida te dá limões…”
Chamem-me arrogante,
petulante, pobre e mal agradecida mas eu continuo a achar um suicídio intelectual
ser empregada de mesa.
Se gosto de trabalho?
Sim. O ambiente é bom? É.
Ando de um lado para o
outro numa esplanada, os amigos visitam-me, dou dois dedos de conversa, apanho
sol, vejo pessoas, rio, ganho bastante acima da média, vou começar a viver
realmente bem mas… e o meu preenchimento? A minha ambição pessoal? Naaahhhh!
Não há cá pão para malucos, minha gente. Não há ordenado chorudo que compre a
minha realização pessoal.
Mas como neste momento
é o que temos, é a realidade que se me apresenta e, como detesto gente
queixinhas, chorosa, sem força para encarar a Vida, já tomei uma aitude: enviei
um artigo para uma revista, propus-me assim à descarada. Os meus amigos
disseram, apreensivos, “Oh Raven, achas mesmo que mandas um mail e começas a
publicar numa revista conhecida cá no país?”. E eu relembrei-os que sou dona de
uma sorte, um poder de atracção surreais. E claro, hoje recebi um mail a pedir
um artigo até seis mil caracteres para posterior avaliação e, quiçá,
publicação.
Toooooooooma lá!! Tirar
cafés não me matará os neurónios.quinta-feira, 5 de março de 2015
Sei que algo não está bem na minha realidade quando…
… ando a ler o Harry Potter e vejo estas séries:
Inconscientemente fazemos coisas que nos mostram como nos sentimos sem
querermos encarar a verdade. E eu acho que, claramente, ando a recorrer a fugas
de rotina, a fantasias, a magia e heróis.
E depois dou por mim a ver este filme com uma caixa de lenços ao lado:
Valha-me Deus que me tornei numa lamechas, empregada de mesa em tão
pouco tempo. Se a tendência for para pior, em 2 semanas vou estar a participar
daqueles encontros de nerds, que se juntam todos no campo vestidos à Senhor dos
Anéis.
Conversas #33#
Vejo um senhor com um
cão, a passear.
Obviamente, lá vai
Raven dos Patudos, de coraçãozinho aos pulos e cara de “oiiiin tão lindo”.
Brinco com o cão e tal
e diz o senhor, “Ele é muito bem tratado. Tem de tudo, do bom e do melhor. Aliás,
lá em casa sempre gostamos muito de animais, sempre fomos amigos dos patudos,
eu até fui caçador durante muitos anos”.
E sorria-me. Luminoso.
Acho que me perdi na
frase…
quarta-feira, 4 de março de 2015
E após o 1º dia…
… só peço a Deus, ao
Universo, que não me deixe perder a fé nesta crença:
O ambiente é regular
(somos 7 mulheres, só mulheres; desconfio de ambientes destes), as funções são
básicas e monótonas, os clientes afáveis, a cozinheira é parva e parece querer
que eu me sinta a mais, o tempo passa a correr, são muitas horas de “corre
corre”.
Resultado: dói-me tudo,
estou exausta, só quero ver um filme e hibernar e, acima de tudo, quero outro
emprego! Sou uma pessoa directa e de extremos, ou adoro ou detesto e, pela
primeira vez na vida, encontrei um trabalho que não me diz nada. Nem de bom nem
de mau. É um ambiente normal, funções normais, nada de mais, tudo sem sabor e
ali está o meu cérebro universitário a servir cafés e almoços. As funcionárias
são as mesmas desde à 11 anos. Nos tempos que correm, um emprego assim tão estável
é considerado um tesouro mas para mim, estabilidade em troca da minha inteligência
só irá gerar frustração.
Estou muito desanimada
mas não quero valorizar muito este sentimento, afinal foi só o 1º dia. Dentro
de uns 3 ou 4 dias mais vos direi. Mas neste momento, sinto que entrei para uma
armadilha, um daqueles trabalhos raros em estabilidade, em qualidade de vida
(dinheiro) que acabará por me fazer sentir na obrigação de me considerar
sortuda ainda que infeliz. Sinto que acabei de castrar os meus impulsos e
sonhos.
Só quero acreditar que isto seja uma fase, que o meu verdadeiro caminho irá aparecer em breve.
Só quero acreditar que isto seja uma fase, que o meu verdadeiro caminho irá aparecer em breve.
terça-feira, 3 de março de 2015
Tudo a postos
Camisa branca. Check.
Calças pretas mas
elegantes. Check.
Calçado preto
confortável. Check.
Investimento feito,
vamos lá ver como corre o primeiro dia numa área que desconheço por completo.
Torçam por mim!
Cronograma de uns dias surreais
Quarta-feria, dia 25, o
meu Aniversário.
Quinta feira, dia 26,
23h, vejo o meu recibo de vencimento agora que sou trabalhadora em part-time e
adormeço a chorar ao entender que já não vivo neste cidade, sobrevivo.
Sexta-feira, dia 27,
13.12h, levanto-me num acto de tristeza, pronta para expor as minhas
preocupações ao meu chefe, pronta para explicar que se não me devolver rápido
um horário a 8h diárias, me terei de despedir e voltar a casa da Mammy louca.
Nesse momento toca o telemóvel. Eu estava a 4 passos do meu chefe. O telemóvel insiste.
Um numero que não conheço. Decido atender primeiro e falar com o chefe depois.
Era de uma cafetaria/restaurante, a quererem marcar uma entrevista de emprego
comigo para Segunda. Acedi. Sem grandes expectativas, afinal nunca trabalhei em
hotelaria, nunca tirei um café nem sei onde se liga aquela máquina grande e
medonha. Mas não pude deixar de pensar nas coincidências: ligaram-me
exactamente desta cafetaria para uma entrevista na minha primeira semana de
trabalho no Call Center, Obviamente recusei. Agora que ia discutir o meu futuro
com o chefe, ligam-me novamente deste sitio. Fiquei, com a minha veia
espiritual, a ponderar se não seria um sinal.
Sábado, dia 28, faço o II
nível de Reiki e peço muito ao Universo por um emprego digno e honesto que me
permita viver despreocupadamente.
Domindo, dia 1. Compras,
leituras e mimos ao Eros. Reparo que tem uma bola no queixo. Fico aflita
perante a minha falta de dinheiro para o levar ao veterinário.
Segunda, dia 2, 10.30h,
entrevista de emprego. Inicia-se de forma rude. Dizia-me a dona do espaço “Então
o que a leva a deixar aqui um currículo se nunca tirou um café na vida?”.
Senti-me a enterrar na cadeira. Mas avancei. Expliquei que não me identifico
com a minha geração, onde todos se queixam das circunstancias mas nenhum larga
a carteira do pai, onde ninguém arrisca, onde todos são doutores e se recusam a
trabalhar em menos do que julgam ser um status. Eu quero trabalhar em algo
honesto, tenho uma licenciatura congeladíssima no último ano que nem pondero
retomar e não me envergonho se tiver de aprender a servir almoços. Quem quer
trabalhar e ser honesto, esforça-se. E a conversa descambou em 2h sobre a minha
vida pessoal e a da dona, sobre os filhos dela e o meu gato, sobre o passado
dela e os meus voluntariados. Até que ela me diz “Tirar cafés, qualquer um
aprende. Já bons valores, ou se nasce com eles ou não se inventam. Gostaria que
trabalhasse cá, quero ter a certeza que tenho alguém de boa índole nesta
empresa. O resto aprende-se. Sente-se preparada? 30 dias à experiencia. O que
me diz?”. Fiquei indecisa… largar o pouco mas certo que tenho no Call Center ou
arriscar num emprego a tempo inteiro, onde me pagam bem melhor mas onde não
tenho a mínima experiencia ou noção? Ainda para mais, 30 dias à experiencia… e
a cafetaria e o Call Center não se podem conciliar, não dá. Perguntei
directamente “Para arriscar aqui, terei de me despedir. Perco tudo”. E a dona
acrescenta “Raven, confie. Eu acredito que se sairá lindamente. Vai correr bem”.
E assim senti que devia arriscar. Sai de lá, fui directa para o Call Center,
falei de coração aberto com o meu chefe e ele lá me passou uma carta de
demissão com data falsificada, para parecer que avisei a entidade patronal com
30 dias de antecedência e para não me empatar a vida. Hoje, oficialmente,
demiti-me. Em tempo record.
Começo quarta-feira às
7.30h na Cafetaria onde nem sei fazer um cappuccino ou ligar a máquina do café.
Deus me ajude que, até
para mim, este foi um lance muito extremo. Nunca arrisquei tanto. Tenho medo e
ao mesmo tempo orgulho de mim.
Hoje, terça.feira, é a
ponte que tenho para me desligar do mundo das telecomunicações e começar a
pensar em ser rápida, ter boa memória e correr de mesa em mesa entre horários
complicados. Tenho tanto medo de não conseguir. A minha nova chefe avisou que o
importante neste emprego é ser célere e eu sou conhecida por fazer as coisas
bem, dedicada mas devagarinho, sempre fui meio lenta a trabalhar. Estou
nervosa, com coisinhas no estomago e em pânico!
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