Acordei com uma enorme
vontade de ligar ao João. Mas enorme mesmo, daquela que sufoca. E apetecia-me
chorar sem motivo aparente.
Liguei.
“És mesmo otária, estás
a ligar ao tipo para quê? Vais fazer figuras, nem tens o que lhe dizer”…
GRRRRRR
Ele atendeu e eu
expliquei, qual esquizofrénica, que nem sabia o porquê de estar a ligar, que me
sentia triste e queria ouvi-lo, mas que calculava que ele tivesse mais que
fazer e que nem tivesse interessado, tendo em conta o clima bélico em que andávamos.
Surpreendentemente, ele
disse-me “Tenho algum tempo, fizeste bem em ligar-me”.
Falamos
civilizadamente. Ah quanto tempo isso não acontecia, Meu Deus! Cada um falou na
sua vez, tom calmo, sem acusações. Vi o João de antes, sem orgulho e estupidez.
Fiquei atónita e feliz. Éramos nós. E ele pediu desculpas por todas as atitudes
e covardias desde que terminamos. E eu senti-me em paz.
Guerrear com quem
amamos destrói-nos. Receber desculpas de quem amamos já é outra coisa…