A brincar, a brincar… ( III )

Era dia 25 de Fevereiro.

Eu fazia 22 anos.

Acordei cedo, ao som do telemóvel. Olhei para o visor. Nele constava um número que eu não conhecia. Rejeitei a chamada e continuei a dormir.

Mais tarde, quando despertei, encontrei a minha mãe que me disse entusiasmada: “Não atendeste o telemóvel ao rapaz do café? Ele pediu-me o teu número para te dar os parabéns.”.

Não fiz caso e fui almoçar. Estava meio chateada, aborrecida… Não gosto de ser aniversariante, não gosto de ver o tempo passar. Não gosto de saber que qualquer dia me olharei num espelho e me verei limitada e reduzida pela idade.

Aborrecida, decidi ir tomar café. A minha mãe já lá estava de conversa com o João.

Comecei a ver uma revista de viagens. Ele interrompeu-me: “Estás a escolher a nossa lua de mel?”. Apenas sorri.

Entretanto, ele pegou na carteira e despediu-se, dirigindo-se ao carro. Interpelei-o: “Ei! Onde vais todo airoso? Buscar o meu diamante? O prazo termina hoje. Depois disso, não te aceito mais como meu prometido”.

A minha mãe intrometeu-se: “Olha que para a minha filha só um diamante grande e caro!”.

Para minha surpresa, ele afirmou: “Então vá, sogrinha! Venha comigo escolher o anel!”.

Pensando tratar-se de uma brincadeira, a minha mãe entrou no carro dele. Só quando ouviu o motor se apercebeu que o rapaz não estava a brincar.

E lá foram os dois, deixando-me incrédula e sozinha no café.