sábado, 5 de fevereiro de 2011

Viver é um capricho?



Estou perdida!
Mais do que nunca.
Não quero parecer mimada ou ingrata, sei que não o sou. Eu já tive tudo; dinheiro, status, um futuro “promissor”.
Contudo, não me sentia bem. Tudo o que tinha eram correntes, amarras para me manter boa filha, boa rapariga.
Esforcei-me para vir para a Universidade. Eu queria tanto…! Consegui. Aqui estou.
Nestes 4 anos tudo mudou.
Percebi que o que me trouxe até aqui foram valores errados, sonhos que não nasceram em mim.
Uma licenciatura não vale de nada! Muito menos hoje em dia.
Fartei-me de ser a menina-princesa, acatando as disposições de um Pai que pode muito bem ser a reencarnação do Hitler.
Um dia alguém me disse: “Olha-te no espelho e vê se gostas da pessoa que está do outro lado”.
Eu olhei e não gostei. A mulher que me olhou desde o espelho era fria, uma máquina programada e triste.
Sempre me disseram, desde criança, que eu tinha um olhar muito triste. Pensei nisso… Eu era uma princesa triste! Que história tão clichet!
Percebi então que não há nada mais perigoso do que uma pessoa que não tem nada a perder. E eu não tinha. Dinheiro? Status? Não… Eu não tinha nada REAL a perder.
Cortei as amarras, arranjei um part-time, mantenho-me sozinha na Universidade.
Mas ainda não é o suficiente… Sei que este não é o meu caminho. Sinto-o.
Queria cancelar a matrícula e ir VIVER. Talvez fazer um voluntariado em África…
Hoje o meu melhor amigo disse-me que eu estava a querer largar uma boa vida por causa de um capricho.
Boa vida? Um futuro incerto, sem dinheiro para pagar propinas e podendo estar na rua a morrer à fome amanhã mesmo? Aturar uma mãe comodista que vive do rendimento mínimo sem nem se esforçar por procurar um emprego?
Capricho? Tentar contrariar esta loucura capitalista do século XXI e procurar o meu caminho é um capricho?
Viver é um capricho?
Só podemos e devemos existir?
NÃO!!! Eu não morrerei a existir.
O ser humano precisa de VIDA nas suas veias.
Os mortos devem estar no cemitério, não nas ruas.

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